Medicamentos e interações potencialmente inapropriadas para idosos: alternativas disponíveis no SUS para manejo de Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica
DOI:
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2023.v1.s2.p.60Palavras-chave:
Hipertensão; Diabetes mellitus; Lista de Medicamentos Potencialmente Inapropriados.Resumo
Introdução: Os Critérios de Beers da Sociedade Americana de Geriatria (AGS Beers Criteria®) constituem uma lista de medicamentos e interações medicamentosas potencialmente inapropriadas para idosos1. A maioria dos idosos possui multimorbidades crônicas, como hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM), acarretando polifarmácia e aumentando o risco de uso de medicamentos ou interações inapropriadas2,3. Objetivo: Apresentar alternativas disponíveis no SUS para substituição dos medicamentos e interações inapropriadas utilizadas no manejo de DM ou HAS. Material e Método: Estudo transversal de cunho avaliativo com análise de prescrições para identificação de medicamentos e interações inapropriadas no manejo de DM ou HAS. Posteriormente, foi realizada análise das diretrizes clínicas e dos Critérios de Beers (2019)1 visando apresentar opções de medicamentos disponíveis na Relação de Medicamentos Essenciais (REME)4 da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) ou no Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB)5 para substituição. Resultados: Foram avaliadas 1245 prescrições, das quais 301 (24,2%) apresentavam pelo menos um medicamento ou interação medicamentosa inapropriada. o medicamento inapropriado mais frequente foi a insulina, identificada em 13,7% (n=301; 56,5%) das prescrições, seguida pela clonidina e glibenclamida, identificadas em 1,6% (n=301; 6,6%) e 1,0% (n=301; 4,0%), respectivamente. A interação potencial mais frequente foi entre bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA) ou inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou diuréticos poupadores de potássio, encontrada em 6,6% (n=301; 27,2%) das prescrições. Discussão e Conclusões: Segundo as Diretrizes Brasileiras de HAS, combinação de anti-hipertensivos deve ser feita com um IECA, ou BRA, associado a diurético tiazídico ou similar ou bloqueadores de canal de cálcio (BCC). Os Critérios de Beers contraindicam o uso concomitante de IECA, ARA ou diuréticos poupadores de potássio devido ao risco de hipercalemia e insuficiência renal1,2. A REME oferece como opção de BCC anlodipino e os diuréticos tiazídicos e similares hidroclorotiazida e indapamida4. Dentre as opções de quarto anti-hipertensivo preconizadas, a SES/DF contempla os betabloqueadores cardiosseletivos atenolol, metoprolol e carvedilol e o não seletivo propranolol, assim como o vasodilator direto hidralazina4. O PFPB disponibiliza gratuitamente atenolol, anlodipino, propranolol, hidroclorotiazida e metoprolol5. Devido ao risco de hipoglicemia, as Diretrizes Terapêuticas de DM recomendam o uso de insulina no caso de idosos com hiperglicemia em uso de três antidiabéticos orais combinados entre biguanida, sulfonilureia ou inibidor seletivo do co-transportador de sódio-glicose3. A gliclazida está disponível na REME como opção de substituição a glibenclamida, reduzindo o risco de hipoglicemia4. A SES-DF disponibiliza a dapaglifozina como opção de inibidor seletivo e o PFPB oferece no sistema de copagamento4,5. Conforme o descrito nos métodos, utilizou-se a versão dos Critérios de Beers publicada em 2019. No entanto, a Sociedade Americana de Geriatria publicou uma versão atualizada em 2023, incluindo novos medicamentos, o que, consequentemente, limita este estudo. O elenco de medicamentos da REME DF contempla de forma satisfatória os algoritmos de tratamento farmacológico para manejo de HAS e DM. Entretanto, o PFPB disponibiliza somente glibenclamida como opção de sulfonilureia, assim o acesso gratuito a gliclazida pelos pacientes fica restrito à SES-DF. É necessária a divulgação frequente aos prescritores das opções de medicamentos disponíveis no SUS para facilitar a substituição de medicamentos inapropriados ou interações potenciais.
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