Características da farmacoterapia de pacientes com COVID-19 internados em hospital universitário do Sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2023.v1.s2.p.32Palavras-chave:
COVID-19; Medicamentos; Brasil; Hospital universitário; Farmacoepidemiologia.Resumo
Introdução: Na pandemia de COVID-19, uma gama variada de medicamentos foi sendo noticiada pela mídia e divulgada em publicações científicas como potenciais tratamentos para o coronavírus, causando o uso indiscriminado de medicamentos para tratamento, manejo e prevenção dos sintomas da doença. Objetivos: Descrever a farmacoterapia no cenário domiciliar e hospitalar dos pacientes que foram hospitalizados por COVID-19 por tempo igual ou superior a 48h entre março de 2020 a setembro de 2021 em hospital universitário de alta complexidade. Material e Método: Estudo transversal com coleta de dados retrospectiva analisou o prontuário eletrônico de 356 pacientes internados em hospital universitário referência no atendimento de casos graves por COVID-19 na primeira e segunda onda no Rio Grande do Sul, Brasil. Resultados: A amostra foi composta por 56,5% (n=201) homens e 43,5% (n=155) mulheres, com mediana de 62 anos. Destes, 40,2% (n=143) internaram na primeira onda de COVID-19 e 59,8% (n=213) na segunda, e 27,8% (n=99) vieram a óbito. Ao todo, 34,8% (n=124) dos pacientes utilizaram algum medicamento para a COVID-19 antes da internação, sendo azitromicina (67,7%), amoxicilina+clavulanato (27,4%), prednisona (21,7%), ivermectina (15,3%) e dexametasona (15,3%) os mais utilizados. Foi identificado o uso crônico de 179 medicamentos por 71,6% (n=255) dos pacientes, sendo mais prevalente entre as mulheres 78,0% (n=121) e 28,1% (n=100) apresentavam polifarmácia. Os medicamentos crônicos mais utilizados foram losartana (23,9%), metformina (22,7%), sinvastatina (22,7%), omeprazol (21,9%) e anlodipino (21,1%). Na internação, os medicamentos mais prescritos na emergência foram dipirona (88,6%), dexametasona (69,0%), enoxaparina (61,5%), amoxicilina+clavulanato (53,7%), metoclopramida (35,8%), azitromicina (35,1%) e omeprazol (29,3%). Na terapia intensiva, a maior frequência de prescrição foi entre os medicamentos dipirona (75,8%), fentanil (62,5%), omeprazol (61,6%), midazolam (58,9%), noradrenalina (57,0%) e dexametasona (56,1%). Em leito de enfermaria, dipirona (83,3%), enoxaparina (63,4%), omeprazol (54,1%), dexametasona (51,8%), heparina (38,5%) e metoclopramida (35,2%) foram os medicamentos mais prescritos. Discussão e Conclusões: O uso por um terço dos pacientes de medicamentos off label para tratar ou prevenir a COVID-19 entre a primeira e segunda onda refletem o cenário incentivado pelas mídias sociais e por autoridades governamentais no contexto brasileiro. O uso de medicamentos na internação hospitalar demonstra a complexidade do cuidado e gravidade do paciente com COVID-19. Este estudo caracteriza o cenário de utilização de medicamentos no contexto ambulatorial e hospitalar pela população que necessitou de internação hospitalar por COVID-19 durante a primeira e segunda onda no RS, trazendo oportunidades para o estabelecimento de estratégias para o uso racional de medicamentos e fornecendo subsídios para auxiliar os gestores de saúde em cenários de escassez de suprimentos e demandas exponenciais de atendimento.
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