Estudo etnofarmacológico e fitoquímico da polpa do fruto de Morinda citrifolia linnaeus, em Nampula – Moçambique
DOI:
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2023.v1.s2.p.47Palavras-chave:
Etnobotânica; Fitoquímica; Morinda citrifolia L.Resumo
Introdução: Nos países em desenvolvimento, a maioria da população não tem acesso ao atendimento primário de saúde, constituindo o uso das plantas medicinais a principal forma de tratamento. O conhecimento da etnofarmacologia, a sua abordagem holística e sistêmica apoiada por uma base experiencial podem servir como o instrumento para a validação dos tratamentos tradicionais. Objetivo: Realizar um estudo etnofarmacológico e fitoquímico da polpa do fruto de Morinda citrifolia L. Material e Método: Foram realizadas entrevistas semiestruturadas por amostragem não probabilística de bola de neve a 6 vendedores de plantas medicinais da Cidade de Nampula (Norte de Moçambique), nos meses de fevereiro e março de 2023, abordando-se o nome local da planta, os locais da colheita, a parte mais usada na preparação, a finalidade terapêutica, as formas de preparo, e a posologia. Estes dados foram transcritos e interpretados qualitativamente. Para a análise fitoquímica foram colhidos 100 frutos de Morinda citrifolia L. no estádio de maturação verde em uma propriedade localizada no Bairro de Carrupeia (Cidade de Nampula) em fevereiro de 2023 e acondicionados em uma bacia plástica durante três dias aguardando[1]se pelo amadurecimento. Fez-se o despolpamento in natura pela técnica de esmagamento, e foi produzido um extrato alcoólico pela maceração em etanol a 96% durante 72 horas. Os testes qualitativos de espuma, de Libermann Buchard e de cloreto férrico foram feitos para a identificação de saponinas; triterpenos e esteroides; e flavonóides e taninos respectivamente. O estudo foi aprovado pela Comissão Científica do curso de Farmácia da Universidade Lúrio. Resultados: Localmente a planta é conhecida como árvore do noni. Os entrevistados referiram que adquiriram o conhecimento com os seus familiares “(…) o meu pai lá na zona é médico tradicional, e ele é que me explicou sobre essas plantas, sobre como utilizar para curar doenças (…).” Os vendedores apontam o fruto como sendo a parte mais usada da planta, e que têm adquirido o material vegetal no próprio quintal. “(…) “Na minha casa eu plantei e costumo colher lá mesmo (…).” As doenças mais citadas pelos entrevistados como podendo ser tratadas pelo noni foram as que afetam os aparelhos digestivo, respiratório e cardíaco. A comunidade faz o uso do sumo do noni in natura administrando entre uma chávena de chá do sumo 1 vez por dia até a melhora dos sintomas, e 1 chávena de chá do sumo três vezes por dia durante 1 mês. Os metabólitos secundários identificados laboratorialmente foram os triterpenoides, saponinas, flavonoides e taninos em ambas as amostras (no extrato bruto in natura e no extrato alcoólico), com a exceção de esteroides no extrato alcoólico. Discussão e Conclusões: O estudo contribuiu para o registo do conhecimento e das formas tradicionais de utilização da Morinda citrifolia L na Cidade de Nampula (Norte de Moçambique). A comprovação laboratorial da presença de metabólitos secundários pode validar as propriedades terapêuticas da planta, entretanto estudos adicionais são necessários.
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