Suspeita de eventos adversos relacionados ao uso da Gabapentina e a Morfina para dor forte: características, impacto e desfecho das notificações

Autores

  • Viviane Oliveira Lemos Cançado Universidade de Brasília (UnB) - Brasília - DF - Brasil
  • Helaine Carneiro Capucho Universidade de Brasília (UnB) - Brasília - DF - Brasil

DOI:

https://doi.org/10.22563/2525-7323.2023.v1.s2.p.84

Palavras-chave:

Gabapentina morfina; Dor.

Resumo

Introdução: Analgésicos opióides e não opióides constituem a base principal no tratamento da dor. Antidepressivos, anticonvulsivantes e outros fármacos podem ser usados para dor crônica ou neuropática e são tratamentos de primeira linha em algumas condições. Devido aos efeitos de adição dos opioides, existem receios quanto à sua utilização para tratamento da dor. Objetivos: Descrever as notificações relacionadas aos opióides Morfina e Gabapentina encaminhadas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil e comparar o uso deles para dor forte. Material e Método: Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo, que utilizou dados públicos do Painel de Farmacovigilância da ANVISA, disponível no site da Agência, sobre notificações no período de 01/03/2019 a 03/04/23. Resultados: Para o medicamento morfina apresentaram 1.730 notificações sobre suspeita de evento adverso, destas, 1.500 (86%) notificações foram realizadas por serviços de saúde e 219 delas (13%) foram realizadas pelo próprio usuário. Todas as notificações foram encaminhadas à ANVISA pela empresa fabricante. Quanto às características dos pacientes, 63% (n=1090) eram do sexo feminino (n=587) e tinham entre 18 a 44 anos. Evidenciamos que nas 1.730 notificações foram relatados EAM, sendo 17% (n=300) considerados pelo notificador como graves, sendo 162, com efeito, clinicamente significativos, 81 hospitalização ou prolongamento de hospitalização, 76 ameaças a vida e 14 óbitos. Nos dados pesquisados, observamos que o notificador informou o desfecho, sendo 1090 (63%) recuperados e em 1,63% (n=29) não tiveram recuperação. Ao averiguar as notificações para Gabapentina, foram registradas no VigiMed 106 notificações no período analisado, destas, 74 (69%) foram realizadas por serviços de saúde e 12 (11%) pelo próprio usuário. Todas foram encaminhadas à ANVISA pela empresa fabricante. Quanto às características dos pacientes, 61% (n=65) eram do sexo feminino e 38 % tinham entre 45 -64 anos. Nas 106 notificações foram relatados EAM, sendo 33% (n=36) foram considerados pelo notificador como graves, sendo 26, com efeito, clinicamente significativo, 11 hospitalização ou prolongamento de hospitalização, 3 ameaças à vida e 2 óbitos. O notificador informou o desfecho, sendo 54 (51%) recuperado e em 16,3% (n=18) não teve recuperação. Discussão e Conclusões: Reconhecida como ciência, a Farmacovigilância dos produtos aprovados pela ANVISA é fundamental para monitorar os efeitos dos medicamentos na população brasileira, entretanto, para avaliar e comparar os EAM da Morfina x gabapentina para dor forte é necessário qualificar as notificações, o que deve ser feito pela empresa antes de enviar a informação à Agência. Além disto, apesar das notificações de morfina serem proporcionalmente maiores em número devido aos efeitos esperados da utilização de opióides, as notificações de gabapentina apresentam % maiores quando comparadas com a morfina, sendo 16,3% não teve recuperação quando observado o desfecho dos EAM da gabapentina.

Publicado

2023-11-08

Como Citar

Viviane Oliveira Lemos Cançado, & Helaine Carneiro Capucho. (2023). Suspeita de eventos adversos relacionados ao uso da Gabapentina e a Morfina para dor forte: características, impacto e desfecho das notificações. JORNAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E FARMACOECONOMIA, 1(s. 2). https://doi.org/10.22563/2525-7323.2023.v1.s2.p.84